Barreiras secundárias no cockpit - Avanços em segurança aérea
- Comandante Bassani

- 5 de set.
- 3 min de leitura
Por Comandante Bassani - ATPL/B-727/DC-10/B-767 - Ex-Inspetor de Acidentes Aéreos SIA PT - www.personalflyer.com.br/ - captbassani@gmail.com - SEP 2025

A implementação de Barreiras Físicas Secundárias Instaladas (IPSB, na sigla em inglês) marca um avanço significativo na segurança da aviação, com o objetivo de proteger o cockpit contra acessos não autorizados durante voos. Posicionadas entre a cabine de passageiros e a porta reforçada do cockpit, essas barreiras são ativadas quando a porta principal é aberta, fornecendo uma camada adicional de proteção. Essa medida foi inspirada nas lições de segurança extraídas dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Regulamentação nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, a Administração Federal de Aviação (FAA) finalizou, em junho de 2023, uma regra que torna obrigatória a instalação de IPSB em novas aeronaves comerciais de passageiros operadas sob a Parte 121, conforme determinado pela Lei de Reautorização da FAA de 2018. Inicialmente, o prazo para conformidade estava previsto para agosto de 2025, mas a FAA concedeu uma prorrogação de um ano, adiando a obrigatoriedade para 25 de agosto de 2026. Essa extensão foi justificada pela falta de certificações, aprovações e programas de treinamento adequados para as tripulações. A exigência aplica-se apenas a aeronaves comerciais de passageiros fabricadas após a data limite, excluindo aviões de carga e aeronaves registradas em outros países. Sindicatos, como a Air Line Pilots Association (ALPA), criticaram o atraso, argumentando que ele compromete a segurança da aviação e que as companhias aéreas tiveram tempo suficiente para se preparar.
Iniciativas na Europa
Na Europa, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) realizou uma consulta pública sobre a implementação de IPSB, que foi concluída com a publicação de um Documento de Resposta a Comentários, mantendo a Condição Especial proposta sem alterações significativas. Embora informações detalhadas sejam limitadas, a EASA concentra-se em certificar barreiras que resistam a tentativas de intrusão, alinhando-se aos padrões internacionais de segurança da aviação.
Evidências acadêmicas e análises de custo-benefício
Estudos acadêmicos reforçam a relevância das IPSB. Na Ohio State University (OSU), análises de risco e custo-benefício estimam que a instalação de IPSB custa cerca de US$ 30.000 por aeronave, com um custo anualizado total de US$ 20 milhões para a frota comercial dos EUA. Essas barreiras oferecem uma redução de risco de até 2% em cenários de intrusão e são consideradas custo-efetivas se a probabilidade anual de ataques for superior a 3-6%. Comparativamente, as IPSB apresentam maior eficiência em relação ao Programa de Oficiais de Cabine de Voo Federais (FFDO).
Na Embry-Riddle Aeronautical University, estudos sobre operações com piloto único destacam vulnerabilidades, como riscos de hacking ou falhas de comunicação. Esses estudos sugerem o uso de automação avançada e operadores em solo como medidas complementares às barreiras físicas, reforçando a segurança em cenários de alta tecnologia.
A Vanderbilt University enfatiza a importância da padronização de requisitos mínimos de segurança, incluindo a instalação e operação de IPSB, conforme delineado em propostas regulatórias publicadas no Registro Federal.
Na Europa, a Hamburg University of Applied Sciences explora aspectos técnicos da aviação, incluindo a pressão diferencial da cabine, que atua como uma barreira física nas portas do cockpit. Essa pressão exige forças equivalentes a várias toneladas para abrir a porta durante o voo, um elemento de design que complementa as IPSB.

Imagem internet
As barreiras secundárias no cockpit representam uma evolução crítica na segurança aérea, equilibrando custos, eficiência operacional e proteção contra ameaças. Respaldadas por regulamentações rigorosas e estudos acadêmicos, essas medidas fortalecem a resiliência do setor. Profissionais da aviação devem acompanhar as atualizações regulatórias para garantir a conformidade e a segurança contínua.
Bons voos!
Fontes :
FAA, Final Rule on Secondary Cockpit Barriers, Federal Register, June 2023;
ALPA Press Release, 2023.
Vanderbilt University, Regulatory Analysis on Aviation Security Standards, 2023.
Ohio State University, Risk and Economic Analysis of Secondary Cockpit Barriers, 2023.
Embry-Riddle Aeronautical University, Research on Single-Pilot Operations, 2024.
EASA, Comment Response Document on Secondary Cockpit Barriers, 2023.
Hamburg University of Applied Sciences, Aviation Design and Safety Studies, 2024.




Comentários