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Investigação do acidente do voo Air India 171: o que sabemos até agora!

  • Foto do escritor: Comandante Bassani
    Comandante Bassani
  • 27 de jun.
  • 6 min de leitura

Por Comandante Bassani - ATPL/B-727/DC-10/B-767 - Ex-Inspetor de Acidentes Aéreos SIA PT - www.personalflyer.com.br/ - captbassani@gmail.com - Jun 2025

Indian Government
Indian Government

Em 12 de junho de 2025, o voo Air India 171, um Boeing 787-8 Dreamliner, caiu cerca de 30 segundos após a decolagem do Aeroporto Internacional de Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad, Índia, com destino a Londres Gatwick, Reino Unido. A aeronave, registrada como VT-ANB, transportava 230 passageiros e 12 tripulantes. O acidente resultou na morte de 241 pessoas a bordo, com apenas um sobrevivente, e causou a morte de pelo menos 19 pessoas no solo, além de ferir dezenas. O avião colidiu com o campus do B.J. Medical College e Civil Hospital, em Meghani Nagar, Ahmedabad, gerando múltiplas explosões e uma intensa nuvem de fumaça devido ao grande volume de combustível a bordo. A investigação, liderada pela Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB) da Índia, com apoio de entidades como a National Transportation Safety Board (NTSB) dos EUA, a Air Accidents Investigation Branch (AAIB) do Reino Unido, a Boeing e a GE Aerospace, busca esclarecer as causas desse trágico incidente, o primeiro acidente fatal envolvendo um Boeing 787 Dreamliner.

Detalhes do acidente

O voo 171 decolou da pista 23 às 13h38, horário local (08h08 UTC), e alcançou uma altitude máxima de aproximadamente 625 pés (191 metros) acima do nível do mar antes de começar a perder altitude. Segundos após a decolagem, a tripulação emitiu um chamado de emergência (mayday) relatando "falta de potência e empuxo" ("Thrust not achieved… falling… Mayday! Mayday! Mayday!"). Não houve resposta da tripulação após o contato com o controle de tráfego aéreo. Vídeos de CCTV e de um entusiasta da aviação mostram a aeronave subindo inicialmente, mas logo descendo com uma atitude de nariz elevado, mantendo as asas niveladas, antes de colidir com um edifício a 1,5 km da pista. O impacto causou danos significativos, com destroços espalhados e um forte incêndio devido aos quase 100 toneladas de combustível a bordo.

O único sobrevivente, Vishwashkumar Ramesh, um cidadão britânico de 40 anos sentado na fileira 11A, perto de uma saída de emergência, conseguiu escapar dos destroços em chamas. Entre as vítimas, destacou-se Vijay Rupani, ex-primeiro-ministro de Gujarat, além de estudantes de medicina e residentes do alojamento atingido.


Progresso da investigação

A investigação está sendo conduzida pela AAIB da Índia, com assistência de especialistas da NTSB, da AAIB do Reino Unido, da Federal Aviation Administration (FAA) dos EUA, da Boeing e da GE Aerospace, fabricante dos motores GEnx da aeronave. A FAA confirmou seu papel de suporte técnico, enquanto a NTSB enviou uma equipe para auxiliar, conforme os protocolos internacionais da ICAO. A AAIB do Reino Unido também despachou quatro investigadores especializados em operações de aeronaves, engenharia e dados gravados, com status de "especialista" na investigação liderada pela Índia.


Recuperação dos gravadores de voo

Os dois gravadores de dados de voo da aeronave, conhecidos como Enhanced Airborne Flight Recorders (EAFRs), que combinam o Flight Data Recorder (FDR) e o Cockpit Voice Recorder (CVR), foram recuperados. O primeiro foi encontrado em 13 de junho, cerca de 28 horas após o acidente, em um telhado no local do acidente, e o segundo em 16 de junho. Apesar de danos externos, especialmente em uma das unidades, o Crash Protection Module (CPM) do CVR foi recuperado com segurança. Em 24 de junho, os gravadores foram transportados por uma aeronave da Força Aérea Indiana para o laboratório da AAIB em Délhi, onde a extração de dados começou no mesmo dia, com a assistência de técnicos do NTSB. Em 25 de junho, o módulo de memória foi acessado com sucesso, e a análise dos dados do CVR e FDR está em andamento. Não foi decidido se os gravadores serão enviados ao exterior para análise adicional, dependendo da capacidade do laboratório da AAIB em Délhi, inaugurado em abril de 2025.


Foco da investigação

Os investigadores estão examinando várias hipóteses, incluindo:


  • Falha nos motores - A possibilidade de falha em ambos os motores devido a impactos de pássaros, contaminação de combustível ou erros de manutenção está sendo considerada. A análise inicial dos destroços dos motores pode revelar se eles estavam funcionando no momento do impacto, com base em fraturas nas pás do fan.


  • Configuração inadequada da aeronave - Vídeos sugerem que os flaps das asas podem ter sido retraídos prematuramente e o trem de pouso ainda estava abaixado, o que é incomum para a fase de decolagem. Isso pode indicar um problema de configuração que comprometeu a sustentação.


  • Erro humano ou de manutenção - A investigação está revisando os registros de treinamento dos pilotos, Capitão Sumeet Sabharwal e copiloto Clive Kundar, bem como os logs de manutenção da aeronave, que completou mais de 700 voos no último ano. O presidente da Air India, N. Chandrasekaran, afirmou que um dos motores era novo e o outro não estava programado para manutenção até dezembro, com ambos tendo históricos "limpos".


  • Fatores ambientais - As condições de calor extremo em Ahmedabad no momento do acidente podem ter afetado o desempenho da aeronave, especialmente com uma carga pesada de combustível e passageiros.


Além disso, um gravador de vídeo digital, separado dos gravadores de dados, que armazena imagens das câmeras externas e da cabine, foi recuperado pela Gujarat Anti-Terrorism Squad em 13 de junho. Imagens de CCTV próximas ao local do acidente também estão sendo analisadas para reconstruir a sequência de eventos.


Indian Minister of Civil Aviation
Indian Minister of Civil Aviation

Medidas imediatas

A Diretoria Geral de Aviação Civil (DGCA) da Índia ordenou inspeções adicionais de segurança na frota de Boeing 787-8 e 787-9 da Air India, com 26 dos 33 aviões já liberados para operação. A partir de 15 de junho, verificações de parâmetros de decolagem foram implementadas para cada voo de Boeing 787, com testes de garantia de potência programados para começar duas semanas após o acidente. Um comitê de alto nível foi formado pelo governo indiano para investigar o acidente e propor novas normas operacionais, com um relatório preliminar esperado em três meses.


Impacto e resposta

O acidente, que matou pelo menos 270 pessoas, incluindo 38 no solo, é um dos piores desastres aéreos da Índia em décadas. A identificação das vítimas tem sido lenta, com a maioria dependendo de testes de DNA. Até 16 de junho, cerca de 80 corpos haviam sido identificados. O grupo Tata, proprietário da Air India, anunciou uma compensação de ₹10 milhões (US$120.000) para as famílias das vítimas a bordo e no solo, além de cobrir despesas médicas dos feridos. Sob a Convenção de Montreal, a Air India é obrigada a pagar cerca de ₹15 milhões (US$180.000) por passageiro falecido.

A Boeing, enfrentando uma queda de quase 9% em suas ações após o acidente, expressou condolências e está cooperando plenamente com a investigação. O CEO Kelly Ortberg cancelou sua participação no Paris Air Show para focar no suporte às equipes de investigação. A GE Aerospace também enviou especialistas para analisar os dados do cockpit e dos motores.


Tabela de cronologia

Abaixo, uma tabela com os eventos chave relacionados ao acidente e investigação:

Data

Evento

12/06/2025

Voo 171 decola às 13:38 IST, cai 30 segundos depois, matando 260 pessoas.

13/06/2025

Primeiro EAFR recuperado; investigação começa, liderada pela AAIB.

16/06/2025

Segundo EAFR recuperado.

24/06/2025

EAFRs enviados para análise em Délhi, extração de dados iniciada.

25/06/2025

Módulo de memória do CVR acessado com sucesso.

Até 26/06/2025

Análise de dados em andamento, relatório preliminar esperado em 30 dias (12/07).


A investigação do voo Air India 171 está em fase inicial, mas a recuperação e análise dos EAFRs representam um avanço significativo. Com a colaboração de autoridades internacionais e fabricantes, a AAIB trabalha para determinar as causas do acidente, que pode envolver falhas mecânicas, erros humanos ou fatores ambientais. Um relatório preliminar é esperado dentro de 30 dias (12 Jul 2025) , conforme as normas da ICAO, com o relatório final podendo levar até 12 meses.


Bons voos!




Fontes:



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