Investigação acidente AI171: O que supostamente causou a tragédia com o Boeing 787?
- Comandante Bassani

- 24 de out.
- 3 min de leitura
Por Comandante Bassani - ATPL/B-727/DC-10/B-767 - Ex-Inspetor de Acidentes Aéreos SIA PT - www.personalflyer.com.br/ - captbassani@gmail.com - OUT 2025

Como comandante e investigador de acidentes aéreos, analiso extra oficialmente o acidente do voo Air India AI171 ocorrido em 12 de junho de 2025, logo após a decolagem em Ahmedabad. Este evento representou a primeira perda fatal envolvendo o Boeing 787 após quase 16 anos de operação sem fatalidades.
Resumo:
Ambos os motores foram desligados automaticamente quase simultaneamente, 3 segundos após a decolagem, devido à perda do sinal digital entre o computador central da aeronave (CCR) e os controles eletrônicos do motor (EEC).
Os motores foram religados, mas não houve tempo e altitude suficientes para recuperar o voo.
O acidente foi causado por uma falha temporária na comunicação digital entre o CCR e os EECs, que acionou uma proteção padrão capaz de reduzir ambos os motores à marcha lenta (idle).
Provável causa-raiz:
Uma análise profissional supostamente revelou que essa comunicação foi interrompida por um curto-circuito elétrico provocado pelo ingresso de água no compartimento eletrônico (Equipment/Electronics Bay – EE Bay), um problema já documentado pela FAA e Boeing em várias diretivas e boletins de serviço.
A FAA emitiu três Airworthiness Directives (ADs) sobre risco de água nos EE Bays, incluindo um AD específico após esse acidente, tornando obrigatórias inspeções e correções nos sistemas de vedação da água.
Pontos técnicos relevantes:
Boletins e ADs recomendam inspeção de acoplamentos e vedação dos sistemas, devido ao risco de curto-circuito por tipos de água (potável, resíduo etc.) que transportam íons condutores.
Documentação da Boeing, GE e FAA/EASA detalha que, na falha do sinal de posição das alavancas de potência (TRA), os EECs entram em modo seguro com corte de combustível, para evitar comandos não intencionais nos motores.
Os pilotos não têm como recuperar a potência enquanto a comunicação eletrônica não é restabelecida, tornando esse cenário gravemente crítico para baixas altitudes logo após a decolagem.
Lições aprendidas e recomendações:
O evento destaca a importância do cumprimento rigoroso de Diretivas e Boletins de Aeronavegabilidade, manutenção transparente e resposta imediata a falhas conhecidas.
A FAA/EASA deveriam considerar mudanças no sistema da aeronave, para manter o último valor válido de potência em situações de falha detectada logo após a decolagem ou inibição do sistema até certa altura, mitigando os riscos em baixa altitude.
Bons voos!
Fontes:
Preliminary Report AAIB India - Air India AI171
FAA Airworthiness Directives (AD) 2025-09-12: Water ingress Boeing 787 electronics bay
Boeing Alert Service Bulletins (Drainage and water ingress protection on 787 aircraft)
NTSB participation in investigation
Technical descriptions: Boeing 787 AMM, GE GEnx-1B EEC System, FAA AC 33.28-1
Este conteúdo pode ser validado utilizando relatórios públicos dos órgãos acima e boletins oficiais da Boeing e FAA
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